Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, dentre as quais a criopreservação de embriões, podemos garantir ser essa uma alternativa segura e eficaz na busca de uma gestação e do nascimento de uma criança saudável. O congelamento de todos os embriões tem sido uma opção em várias circunstâncias, tais como na prevenção da síndrome de hiperestímulo ovariano, na preservação da fertilidade, na impossibilidade social de transferir a fresco, na necessidade de estudo genético. Um outro ponto bastante relevante é a influência das elevadas taxas hormonais necessárias na estimulação sobre o endométrio em uma transferência de embriões frescos. Muitos estudos têm demonstrado melhor sincronismo embrião/endométrio e a grande questão é: As taxas de embriões congelados vs. fresco de sucesso são similares? A literatura apresenta inúmeros trabalhos com resultados significativos e superiores de pacientes que transferiram blastocistos desvitrificados e que não transferiram a fresco. Um deles é uma revisão sistemática e meta análise que concluiu existir evidências de melhora nos resultados de FIV com transferência de embriões descongelados comparados à transferência de embriões a fresco em pacientes com idade entre 27 e 33 anos e isso pode ser explicado pela melhor sincronia embrião-endométrio. (Roque M. et al.,2013).
Em contrapartida, alguns trabalhos, em menor quantidade, mostram que as taxas de implantação, gravidez clínica, aborto espontâneo e nascidos vivos de embriões congelados apresentam-se similares às taxas de transferência a fresco, levando à conclusão de que esta pode oferecer benefícios equivalentes. (Pereira N. et al.,2015). Considerando publicações e observando nossos resultados dos últimos 5 anos podemos concluir que congelar todos os embriões e transferir posteriormente não prejudica o resultado do tratamento, ao contrário, pode, em muitos casos, como citamos acima, melhorar. Ambas são opções válidas de acordo com o perfil embrionário e clínico de cada paciente, mas ainda há a necessidade de mais estudos mostrando resultados superiores em transferências de embriões descongelados em todos os casos. Acredito que, em breve, teremos respostas, já que a tendência de criopreservar tudo vem aumentando na rotina dos laboratórios.
Autora: Dra. Françoise Mizrahi
Graduada em biomedicina pela UNISA, 1996
Curso de aperfeiçoamento em embriologia no setor de Reprodução Humana do Hospital Israelita Albert Einstein
Especialização no setor de reprodução da Cornell University, USA
Sócio Fundadora e diretora Vice Presidente da Sociedade Brasileira de Embriologistas em Medicina Reprodutiva – PRO NÚCLEO – BIÊNIO -2002-2004/2004-2006
Pós Graduação em Infertilidade Conjugal e reprodução assistida pela Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva (SPMR)
Embriologista Responsável do Projeto Alfa – SP ( Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida)