Papel do fator masculino em falhas repetidas de ICSI

As causas de infertilidade masculina podem estar relacionadas à baixa quantidade (concentração) de espermatozoides, baixa motilidade, baixa taxa de formas normais (morfologia) ou mesmo a integridade do material genético (DNA) espermático. Mesmo com pequenas quantidades, com pouquíssimos espermatozoides móveis ou com raros espermatozoides de forma normal é possível fazer ICSI. O grande problema é que muitas vezes o material genético (DNA) do espermatozoide pode, também, estar comprometido. Não estamos falando de doenças genéticas (aquelas que são hereditárias), mas sim de fatores como: vida sedentária, alimentação, fumo, ingestão de medicamentos, drogas, infecções, dentre outros, que podem levar a um aumento de radicais livres, que acabam desestruturando, quebrando ou bagunçando a estrutura do DNA do espermatozoide. Mas como isso pode comprometer o resultado da ICSI?

Quando colocamos o espermatozoide dentro do óvulo espera-se que seu material genético se una ao material genético da mãe. Quando o DNA do espermatozoide está alterado, com quebras ou mesmo desestruturado, os materiais genéticos da mãe e do pai não se unem corretamente, podendo levar à uma baixa taxa de fertilização, falha no desenvolvimento embrionário, falhas de implantação e até mesmo ao aborto.
Hoje em dia, é possível detectar e selecionar os espermatozoides que não possuem essa fragmentação de DNA, para tentar minimizar as falhas repetidas de ICSI causadas por esse fator masculino.


Autora: Dra. Renata de Lima Bossi

Bióloga, Mestre e Doutora em Reprodução Humana e Patologia Ginecológica