Ultra Mini Percutânea (UMP) no tratamento de cálculos renais

A litíase renal é um problema de saúde comum que leva à importante morbimortalidade se relegada ao abandono. Desde a introdução da cirurgia renal percutânea, tem havido uma mudança crítica da cirurgia aberta para o tratamento endoscópico de pacientes com essa patologia. Hoje, a percutânea convencional é aceita como tratamento de escolha para volumosos cálculos renais

Com os avanços tecnológicos das fontes de fragmentação, bem como com a miniaturização dos instrumentos, diferentes modalidades de tratamento, tais como a Ureteroscopia Flexível e a Mini Percutânea, tem se popularizado no manejo dos cálculos urinários de pequeno e médio tamanho. Muito da morbidade associada a  Nefrolitotripsia Percutânea (NLPC) é associada ao tamanho do trato de dilatação, e a redução do mesmo para 14 a 18 f tem sido associada com menores sangramento, uso de analgésicos e tempo de internação. A técnica deUltra Mini Percutânea ( UMP) foi proposta para tratar cálculos de 1 a 2 cm, utilizando bainhas de 11 a 13 fr, combinado com um novo sistema de irrigação e ótica de 3,5 fr.

Os leitores podem questionar: por que necessitamos deste procedimento, especialmente quando temos cada vez mais melhoras no que diz respeito aos ureteroscópios flexíveis? A Ureteroscopia Flexível pode ser desafiadora, ou mesmo impossível de ser realizada, quando há presença de ângulos caliceias muito agudos, de alguns divertículos caliceais  e cálculos de polo inferior muito grandes. Existem regiões do sistema coletor que não podem ser acessadas pelo ureteroscópio flexível e este método se baseia em uma bem-sucedida abordagem do ureter correspondente, na colocação atraumática da bainha de acesso, fragmentação e retirada dos cálculos remanescentes. Todos estes fatores concorrem para o desenvolvimento de outra técnica que possa evitar estes passos.

A UMP  se mostra uma técnica segura, com taxa de complicações da ordem de 5%, sendo a maioria das complicações de baixo grau. Essas taxas se comparam favoravelmente às da Ureteroscopia Flexível e são significativamente melhores se comparadas às da Mini Percutânea (26,9%) e da Percutânea Convencional (14,5%). Não foram vistas alterações clinicas significativas, bem como nas dosagens de hemoglobina ou creatinina sérica. Acredita-se que o menor diâmetro do trajeto (4,3 mm), poucas manobras de dilatação e o uso de instrumentos miniaturizados resultem em um procedimento mais seguro.

A UMP não pode substituir a NLPC convencional de 24 a 30 fr, mas simplesmente complementá-la, já que não é recomendada para cálculos complexos de grande volume, ou quando existe matriz proteica ou cálculos muito friáveis. No entanto, a UMP certamente diminui a invasividade da percutânea com múltiplas punções, nas quais o risco de sangramento aumenta significativamente.

 


Autor: Augusto Olavo Martins Xavier

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia

Coordenador do DPTO de Urololitíase – SCMRJ Hospital da Gamboa

Diretor científico Lithomentor Capacitação em Endourologia