Mortes maternas: vidas que podem ser salvas
Um famoso slogan diz: “mulheres saudáveis, mundo saudável” – esta é uma afirmação factual, pois as mulheres são as guardiãs da saúde de suas próprias famílias, da sociedade e da nação, porém, elas tendem a se concentrar na saúde e no bem-estar de seus familiares e negligenciam suas próprias necessidades.
Umas das principais causas de morte de mulheres no mundo são as complicações enfrentadas no pós-parto que pode ocorrer até 42 dias depois do parto.
92% destas mortes ocorrem por causas evitáveis, ou seja, 9 em cada 10 morrem por problemas que poderiam e deveriam ser solucionados, seja durante o pré-natal, seja durante o parto ou pós-parto.
Dados que chamam a atenção:
- No mundo, todos os dias, aproximadamente 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto
- Em 2015, cerca de 303.000 mulheres morreram durante e após a gravidez e o parto
- Em 2020, foram registradas no Brasil 2039 óbitos maternos, apenas 9,17% destes óbitos estavam relacionados ao Covid-19
- A razão de mortalidade materna (MMR) em países em desenvolvimento, como o Brasil, é cerca de 120 vezes maior do que em países desenvolvidos
Mortes por Hemorragia pós-parto no mundo
A hemorragia pós-parto (HPP) é uma complicação grave e potencialmente fatal. A prevalência e a incidência de HPP variam em todo o mundo e dependem de uma série de fatores, incluindo acesso a cuidados de saúde, qualidade dos cuidados obstétricos e condições subjacentes de saúde materna.
Ela é a principal causa de mortalidade materna no mundo, responsável por aproximadamente 27% destas mortes, segundo a OMS.
Aqui estão algumas estatísticas sobre HPP em todo o mundo:
- Estudo publicado no The Lancet em 2018 estimou que aproximadamente 10% de todos os nascimentos globalmente resultam em HPP
- Em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá, a incidência de HPP é menor, com estimativas variando de 1% a 5% de todos os nascimentos
Mortes Maternas No Brasil e Hemorragia Pós-Parto (HPP)
Segundo o relatório do The World Bank, as mulheres no Brasil têm 1 chance em 45 de morrer de complicações relacionadas à gravidez e ao parto.
Em um estudo feito com base no cruzamento dos dados disponíveis no DataSUS e na OMS, conclui-se que o Brasil é responsável por cerca de 20% das mortes maternas em todo o mundo.
Segundo estudo publicado na revista BMC Pregnancy and Childbirth em 2018, a incidência de hemorragia pós-parto (HPP) no Brasil é de aproximadamente 12,4%, superior à taxa de incidência global de 6%.
O estudo analisou dados de 14 estados brasileiros e constatou que a incidência de HPP variou amplamente entre as regiões, variando de 6,8% na região Sul a 16,7% na região Nordeste.
Fatores associados a um risco aumentado de HPP no Brasil incluem idade materna avançada, gestações múltiplas, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e cesariana. Além disso, mulheres com pré-natal inadequado ou com baixa escolaridade também apresentaram maior risco de HPP.
O país faz parte de uma lista da OPAS/OMS, Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde, respectivamente, de 75 países que se comprometeram a reduzir a mortalidade materna até 2030.
Com as taxas de mortalidade materna ainda em 10 vezes maior que a meta global, alcançar ZERO MORTES MATERNAS evitáveis exigirá mais do que progresso incremental ou linear, mas também, taxas exponenciais de mudança em nossa capacidade de salvar a vida das mães.
Investimentos em assistência básica de qualidade, políticas públicas de saúde voltadas à mulher, campanhas de prevenção às causas relacionadas a mortalidade materna e a utilização de técnicas simples, porém, comprovadamente eficazes com o objetivo de evitar estas mortes devem ser cada vez mais observadas e difundidas.
Fonte: Deutsche Welle Brasil
Oliveira, I. V. G., Maranhão, T. A., Frota, M. M. C. da ., Araujo, T. K. A. de ., Torres, S. da R. F., Rocha, M. I. F., Xavier, M. E. da S., & Sousa, G. J. B.. (2024). Mortalidade materna no Brasil: análise de tendências temporais e agrupamentos espaciais. Ciência & Saúde Coletiva, 29(10), e05012023. https://doi.org/10.1590/1413-812320242910.05012023
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/maternal-mortality. acesso em 10/10/2024